Aqui no Orquidário Odara Orchids, entre tantas espécies que cultivamos e comercializamos, uma de nossas paixões é a Orquídea Cattleya nobilior, a “Rainha do Cerrado”.
A orquídea Cattleya nobilior é planta que requer pouco espaço para ser cultivada, sendo perfeita para cultivo em casa ou apartamento. E isso por ser uma orquídea de porte compacto, mas que produz flores grandes em relação ao porte da planta, muito perfumadas e que tem florações generosas.
No entanto, é importante que estes locais ofereçam boa luminosidade, condição essencial para essa espécie de orquídea florescer.
Além disso, a Rainha do Cerrado, como é conhecida a Cattleya nobilior, apresenta flores das mais variadas cores e formas, tais como: lilás, branca (alba), semi-alba, caerulea (azulada), caerulenses (azul muito claro), vinicolor, rubra e várias outras cores indo do rosado ao púrpura intenso.
Comecei a pesquisar para escrever sobre a Cattleya nobilior tipo e a variedade amaliae, pelo que reuni um bocado de informações.
No entanto, nada melhor que buscar a ajuda de quem tem muita experiência e conhecimentos sobre essa linda espécie de orquídea.
Cultivando orquídeas e semeando amigos!
Assim sendo, contatei o meu amigo Henrique Conrado Neto, orquidófilo de Goiânia GO, um mestre a quem muito admiro pelo seu conhecimento, produtor de orquídeas e um apaixonado pela Cattleya nobilior.
No momento do contato, sempre solícito, ele me disse que tinha um artigo de sua autoria que originalmente fez a pedido do Fernando Terra, nosso amigo comum, para o “Jornal do Orquidófilo”.
Ressaltou que era um artigo um pouco antigo, pelo que algumas coisas e fotos ficaram um pouco ultrapassadas, mas que a essência continua válida.
Em outras palavras, quando recebi e li o artigo, percebi que era o que eu precisava publicar no “TUDO SOBRE ORQUÍDEAS“.
Certamente, esse é um artigo que, além de muito bem redigido, apresenta conteúdo muito rico para todos que desejam conhecer e saber como cultivar a Orquídea Cattleya nobilior.
Portanto, transcrevo abaixo o artigo do Henrique Conrado.
“Conhecendo a Cattleya “mais nobre”
Classificação e origem do nome Cattleya nobilior.
Classificação – Gênero: Cattleya Lindley; Espécie: Cattleya nobilior Reichb.f. 1883, Tribo: Epidendreae; Subtribo: Laeliinae;
Etimologia: Cattleya, latinização do sobrenome Cattley, em honra a Willian Cattley, horticultor inglês no século XIX;
Epíteto: nobilior, do latim e comparativo de “nóbilis“, nobre, excelente, portanto “a mais nobre” – uma possível comparação com a “walkeriana“, com a qual a “nobilior” tem tanta semelhança e o taxonomista deu a esta mais nobreza, maior excelência.
A Cattleya nobilior foi descrita por Reichenbach em 1883 no L’Ilustration Horticole e sua representação gráfica foi desenhada por Lucien Linden na Lindenia. E este, desde o primeiro momento, preocupou-se em mostrar a diferença morfológica da planta para assim distingui-la da Cattleya walkeriana de Gardner.
Habitat da Cattleya nobilior tipo e da amaliae.
O mapa de distribuição da C.nobilior apresenta duas vastas áreas bem distintas de distribuição, bem separados pelo Planalto Central do Brasil. É a espécie com maior distribuição no interior seco do Brasil.
A maior faixa é a que fica à Oeste e atravessa os estados de Goiás, parte seca do sul de Mato Grosso e grande parte de Mato Grosso do Sul, e indo até a Bolívia e Paraguai.
É a única espécie de Cattleya existente no Pantanal. Em Goiás o Habitat da C. nobilior se aproxima muito do limite Oeste da faixa da Cattleya walkeriana, existindo, entre eles, uma faixa relativamente extensa onde ocorre a Cattleya mesquitae.
A Cattleya mesquitae, que é descrita como Híbrido natural entre as duas espécies, sendo nítida a influência, ou melhor, a presença das características morfológicas daquelas duas que a originaram, mas que, em nossa opinião, trata-se de uma outra espécie.
É nesta maior faixa à Oeste que se encontra a flor típica, de cor lilás claro ao escuro, de forma regular da espécie.
Vegetam normalmente em grandes árvores, preferencialmente próxima a córregos, rios e riachos de água perene, o que lhes proporciona umidade e ventilação o ano todo. Florescem de Junho a Agosto.
Região do habitat da Cattleya nobilior variedade amaliae.
A segunda faixa ocorre no vale do rio Tocantins, separada pela faixa principal do Planalto Central, mais para o Nordeste à partir da divisa dos estados de Goiás e Tocantins, se estendendo à divisa da Bahia e até o Estado do Maranhão, onde vegetam na maioria das vezes em árvores baixas, típicas do cerrado Brasileiro.
É nesta região que encontramos a subespécie denominada Cattleya nobilior variedade amaliae, que foi descrita por Pabst, à partir de indivíduos a ele enviados pelos Orquidófilos Goianos Dra. Amália Hemano Teixeira e seu Esposo Desembargador Maximiliano da Mata Teixeira, já falecidos.
A C. nobilior variedade amaliae difere da forma típica por apresentar uma coloração rosa claro, com labelo amarelo limão, intensamente entrecortado de veias lilás escuro.
E, normalmente, apresentam segmentos mais arredondados e lábios mais planos que as suas irmãs do Oeste. Florescem de Agosto a Outubro.
À partir dos anos 80 os habitats de C. nobilior vem sendo devastados pela coleta indiscriminada, sem a preocupação de selecionar os melhores indivíduos.
E, com o agravo do crescimento da implantação de projetos agropecuários que exigem, de início, a derrubada das árvores e posterior queimada. Atividade esta que vem sendo intensificada de forma avassaladora.
Peculiaridades da espécie Cattleya nobilior amaliae e tipo.
A C. nobilior em seu habitat fica meses sem receber água das chuvas, pois ocorre em áreas que podem ser extremamente secas durante o outono e inverno, sendo que a estação chuvosa dura em média 6 meses nas regiões das Matogrossenses e praticamente só 4 meses, ou até menos, na região das amaliaes.
Consequentemente, o resultado é que as plantas precisam receber na estação chuvosa uma grande quantidade de nutrientes para um rápido crescimento de novos bulbos e através deles armazenar energia suficiente para a floração que ocorre no fim da estação seca.
São ávidas por luz, mas não toleram, por muito tempo, temperaturas elevadas superiores a 40°C. Este acontecimento provoca danos às folhas; grandes manchas negras provenientes de queimaduras.
Sobre a floração da Orquídea Cattleya nobilior.
A floração se dá na grande maioria das vezes em haste floral, que é geralmente curta e diferenciada por não apresentar nem bulbo nem folhas.
Mas é errado dizer que a C. nobilior não flore em bulbo com folhas. Isto poderá ocorrer raramente, principalmente se a floração atrasar e se der em período em que já se iniciou o crescimento de um novo bulbo.
Normalmente, neste caso, só apresenta uma ou duas flores, sendo que uma boa floração de Cattleya nobilior apresenta até 5 flores por haste nas Matogrossenses e até 8 flores por haste nas amaliaes.
As flores podem durar várias semanas em condições ideais, sendo que no habitat a regra é de 3 a 4 semanas.
Nos casos em que as plantas produzem cápsulas de sementes (frutos), o esforço faz com que as plantas não produzam qualquer crescimento após a floração. E o resultado é que muitas vezes podemos encontrar plantas com 2 ou 3 inflorescências em uma fileira, o que significa que algumas plantas não crescem por vários anos.
No habitat, as plantas são capazes de sobreviver a estação seca por serem extremamente bem enraizadas, as raízes chegam a alcançar 20 metros.
A Cattleya nobilior tem plantas pequenas se comparadas a outras Cattleyas, sendo que são ligeiramente maiores que uma C. walkeriana e um pouco mais robustas.
As plantas crescem muito bem em condições mais úmidas, mas se a umidade for mantida muito elevada durante o ano, sem um período marcado seco, as plantas não produzirão flores e apenas continuarão a crescer.
Cattleya nobilior cultivo. Dicas de cultivo.
As dicas de cultivo desta espécie vêm da observação da sábia natureza.
Nas regiões onde elas ocorrem existem dois períodos bem definidos: verão (chuva) e inverno (seca).
E isso nos mostra que estas plantas necessitam passar por um período de seca antes da floração (entre maio e junho) e, consequente, aumento das regas após a floração em agosto/setembro, quando então produzem seus bulbos vegetativos.
Como cuidar de Cattleya Nobilior?
A rega é um ponto importante no cultivo, devendo ser rigorosamente controlada, porque as raízes desta espécie não toleram umidade constante, fato que provoca o apodrecimento das mesmas.
Uma boa ventilação é necessária para que a umidade seque rapidamente. A melhor hora para a rega é aquela que coincide com o pôr do sol.
Esta espécie é um vegetal do tipo CAM – Metabolismo Ácido Crassuláceo – controlador da transpiração. Ou seja, negativa durante o dia, quando os poros estão fechados para impedi-la de transpirar, e positiva a noite, quando os poros se abrem para absorver umidade.
Particularidades de cultivo da Cattleya nobilior tipo e da Cattleya nobilior amaliae.
A variedade Tipo e a Amaliae não devem ser cultivadas de maneira análoga. Isso porque a primeira, a Tipo, vem de regiões de mata, onde há uma umidade um pouco mais elevada e luminosidade um pouco menor.
Por outro lado, a variedade Amaliae vegeta em áreas secas do cerrado brasileiro, grande parte do ano vivendo só com a neblina noturna e sob claridade mais intensa.
A tipo vai bem em vasos de barro, bem drenados e com substrato leve e poroso. Entre os mais comuns, xaxim desfibrado, coxim, fibra de coco e casca de pinus ou barbatimão, que devem ser trocados a cada dois anos, sob pena de definhamento da planta.
A variedade Amaliae prefere ser montada em palitos de xaxim, corticeira, toros de peroba, ou outro suporte rústico, indo bem também em cachepôs.
Pragas e doenças em Cattleya nobilior tipo e amaliae
Assim como toda Cattleya, a nobilior também está sujeita a ataques de insetos. Principalmente cochonilhas, por exemplo, e também a doenças fungicas ou bacterianas e ainda pode ser alvo de viroses. Mas, os maiores problemas são consequências de um cultivo inadequado.
Considerações finais
Quando recebi o convite do amigo Fernando Terra para que pudesse escrever um pouco sobre a Cattleya nobilior, senti além do grande prazer em fazê-lo. E, também, a vontade de escrever muita coisa, afinal a “mais nobre ” é a minha maior paixão em se tratando de orquídeas.
Mas, por hora, ficamos com esta pequena introdução, apenas para um primeiro contato com aqueles que ainda não tem muita intimidade com ela.
Espero que este seja apenas um pontapé inicial de muitos artigos sobre aquela que, na minha opinião, se tornará em breve uma das principais orquídeas cultivadas por orquidófilos de todo o mundo.
Não só por sua imensa beleza e marcante perfume, mas principalmente pelo enorme potencial que tem para melhoramento genético.
E isso, tanto para hibridação, em função da sua exuberante floração acontecer num período muito pobre em orquídeas, como para melhoramento de sua forma como espécie.
Afinal, ainda é recente a difusão do seu cultivo comparado às demais Cattleyas. Sendo que as melhores matrizes de Cattleya nobilior consideradas até hoje ainda são plantas nativas, como a Tipo D. Rafael Wenzel e Amaliae Perfection.
Abraços
Henrique Conrado Neto
Referências
Enciclopédia na Internet Wikipédia www.pt.wikipedia.org/wiki/Cattleya_nobilior“. Infelizmente, outras referências não se encontram mais na internet, pelo que não mencionaremos.
Agradecimentos do Orquidário Odara Orquídeas.
Eu queria colocar um link nesta página para o Orquidário Orchid Garden, do Henrique, lá em Goiânia, mas, no momento, ele não tem um site no ar.
No entanto, ele participa de um excelente grupo sobre a espécie no Facebook. Portanto, para conhecer, aprender a cultivar melhor e ver lindas fotos visite o Grupo C. nobilior.
Em resumo, agradeço muito ao amigo Henrique Conrado pelo artigo. E, antes que esqueça, peguei algumas fotos do teu perfil e atualizei no artigo. Uma delas foi a do final do artigo, pois com a Fatinha fica bem mais bonito.
Valeu, “sócio”! Acima de tudo, o que vale é a amizade.
Orquidário Odara Orchids.
Cultive orquídeas e semeie amizades.
Grande abraço!
Muy buena información. Pienso que es un tema clave para seguir explorando.
Muito obrigado