Observe as buscas na internet sobre cultivo de orquídeas e, sem dúvidas, verá que a maior procura está em saber como adubar orquídeas. E, talvez tão concorrida quanto ela, seja a busca sobre pragas e doenças.
Em exposições é muito comum as pessoas admirarem as plantas do pódio. As desejadas orquídeas campeãs da exposição. E, por terem orquídea da mesma espécie premiada, querem logo saber qual o adubo usado. Perguntam até sobre o “programa de adubação” ou a tabela de adubação que o dono da planta usa.
Boa parte imagina que o adubo é o “pulo do gato” que falta para ela, no ano seguinte, estar com a sua orquídea no pódio, ganhando troféu e “fazendo inveja”. Como diria o “menino prodígio”: “Santa inocência, Batman”.
Algumas pessoas, até por amor, “humanizam” as plantas. Dizem que adubo é a “comidinha” das orquídeas. E, antes que me acusem de insensível, já aviso que não tenho nada contra. E até acho legal o afeto que demonstram.
Mas, no fundo, imaginam que dando o tal adubo como “comida” suas orquídeas ficarão lindas e floridas o tempo todo. E, geralmente, a maioria quer logo saber qual é nome do “adubo milagroso”, o “adubo mágico” para usar com a maravilhosa “tabela de adubação”´.
A adubação de orquídeas é importante. Mas cultivar orquídeas é muito mais que isso.
Talvez essas pessoas não saibam, ou se esquecem, que as plantas campeãs são cultivadas por colecionadores com experiência. E que o bom cultivo de orquídeas é fruto de muitos anos de estudo e observação, com muita técnica e, acima de tudo, com paciência.
Além do que, as plantas de exposição não são plantas cultivadas em espaços ajeitados no quintal de casa ou “no cantinho das meninas”. Muito pelo contrário. Elas são cultivadas em locais apropriados e adaptados às espécies. E isso faz muita diferença.
Outra coisa é que a espécie das plantas pode até ser a mesma, no entanto a qualidade delas é diferente. Isso porque as plantas premiadas são orquídeas de coleção. Selecionadas geneticamente ao longo dos anos, por terem flores maiores e mais “perfeitas” tecnicamente, terem crescimento mais vigoroso e florações com mais flores. E muitas delas adquiridas a altos valores. Portanto, não é o adubo ou a adubação que farão o milagre de ficarem iguais.
No entanto, mesmo em casa ou apartamento, você pode cultivar orquídeas muito bem e ter belas florações. E, entendendo quais as necessidades das orquídeas que você tem ou quer comprar, fica mais fácil cultivar.
Como as orquídeas se alimentam? Por que adubar?
E adubar orquídeas é só um dos aspectos do cultivo. Sem dúvidas é muito importante, mas é apenas um dos fatores essenciais no cultivo de orquídeas.
Quanto a adubação, antes de mais nada, é preciso lembrar que as plantas produzem o seu próprio alimento através da fotossíntese. Que, resumidamente, é a transformação da energia luminosa em energia química.
Em suma, as plantas usam a energia da luz para transformar água e dióxido de carbono em oxigênio e nutrientes.
Portanto, adubo não é alimento e muito menos “comidinha”.
“Oi? Como assim? ” Então, como as orquídeas se alimentam? E se a orquídea faz fotossíntese e produz o seu próprio alimento, por que usar adubo?
Para que existe a adubação. Como as orquídeas se alimentam.
As orquídeas são plantas de crescimento e absorção lentos, vivendo em condições muito limitadas na natureza. No entanto, adaptadas e em perfeito equilíbrio com o meio: umidade (chuva, seca, sereno, evaporação do solo, respiração e transpiração de outras plantas), luminosidade, ventilação, altitude e clima.
Na natureza, em seu habitat, recebem detritos minerais (poeiras, elementos químicos contidos na evaporação do solo etc) e orgânicos (fezes de aves, insetos mortos etc) em suas raízes. A chuva e o sereno fornecem a água que irá levar as moléculas desses detritos pelas raízes. Assim é como as orquídeas se alimentam, mas tudo isso com regularidade e em quantidades necessárias à sua sobrevivência e reprodução.
Por este motivo, orquídeas cultivadas nos troncos de árvores vivas, estejam elas no habitat ou no jardim de uma casa ou calçada em frente a um condomínio, não precisam ser regadas nem adubadas. Nestes casos, o melhor adubo para orquídeas é fornecido pela própria natureza.
No entanto, quando as orquídeas estão fora dessas condições naturais, passam a depender do seu dono para o fornecimento dessas condições. Portanto, o dono é que precisa suprir essas necessidades. E a adubação é apenas uma delas.
Resumindo, a adubação serve para fornecer nutrientes (elementos químicos) a serem transformados e aproveitados pela planta no processo de fotossíntese.
Antes de saber como adubar orquídeas e qual a melhor adubação, entenda o que são nutrientes.
Adubação não é simplesmente dosar e diluir o adubo na água e aplicar. É preciso saber que nutrientes as plantas precisam no momento e qual a melhor forma de fornecer.
Sabe-se, atualmente, que há 18 elementos essenciais para o crescimento e floração das orquídeas. E, para cada espécie, as quantidades necessárias são variáveis. Além disso, de acordo com a fase de desenvolvimento vegetal em que estejam, as necessidades também variam.
Resumidamente, os elementos essenciais podem ser classificados em Macro e Micro nutrientes, e cada um tem suas suas funções.
Como as orquídeas se alimentam: Macro e Micronutrientes essenciais para as orquídeas.
Macronutrientes são aqueles necessários em grandes quantidades pela planta, sendo o Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), o famoso NPK, conhecidos como macronutrientes essenciais primários. E, em quantidades um pouco menores, os chamados de macronutrientes essenciais secundários, Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
Além deles, há grande necessidade dos macronutrientes gasosos que as plantas normalmente retiram do ar e da água, que são o Carbono tirado do gás carbônico (CO2), Oxigênio (O) e Hidrogênio (H).
Também há outros elementos químicos necessários, mas esses já em quantidades extremamente pequenas (micro), daí o nome micronutrientes: Ferro (Fe), Zinco (Zn), Boro (B), Manganês (Mn), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Sódio (Na), Molibdênio (Mo), e Níquel (Ni).
Certamente existem outros elementos que as plantas utilizam, mas que ainda não tiveram estudos que comprovem ser essenciais, como o Cobalto e o Silício, por exemplo.
Agora, cabe ressaltar que a falta ou excesso de algum dos elementos é prejudicial ao crescimento vegetativo da orquídea. E, para a planta absorver e processar os nutrientes, também são necessárias outras condições.
Assim sendo, como vimos, a adubação de orquídeas é um assunto extremamente complexo. Mas, só de entender como isso funciona, fica mais fácil cuidar de orquídeas.
Qual adubo usar para cuidar das minhas orquídeas?
Quanto a adubos, há uma enorme quantidade de produtos orgânicos e químicos oferecidos no mercado. Além disso, cada orquidófilo faz e mantém a sua adubação de acordo com os resultados obtidos. E isso através da observação das próprias plantas. O que só se consegue com tempo e dedicação. Portanto, não basta perguntar e copiar um programa de adubação.
A grande maioria dos adubos encontrados no mercado foi desenvolvida para culturas de outras plantas. Como por exemplo: soja, feijão, milho e outras. Estas plantas conseguem quebrar as moléculas dos elementos contidos nesses fertilizantes. As orquídeas não.
Além de não servirem para orquídeas, podem causar fitotoxidade se usados nas proporções indicadas para outros vegetais.
Também há muito apelo comercial, pelo que a cada ano aparecem os “adubos da moda”. Inclusive, até alguns que tecnicamente nem adubos são. Basta ler os rótulos e analisar. Muitos não contém nem os macronutrientes completos.
Outro apelo comercial são os rotulados como adubo de “manutenção”, adubo de “floração” e adubo de “crescimento”. Muito cuidado, principalmente se você tem pouco conhecimento e experiência, pois o desiquilíbrio de nutrientes pode causar vários problemas às suas plantas.
Nos últimos anos alguns fabricantes tem começado a produzir adubos direcionados ao cultivo de orquídeas. O que é muito bom.
Então, se possível, utilize os chamados “completos”. Apesar de que na verdade não há nenhum que consiga fornecer todos os elementos químicos ao mesmo tempo.
O Cálcio (Ca) e o Magnésio (Mg), por exemplo, são incompatíveis com outros elementos, e isso por reagirem e formarem compostos não desejáveis. Por essa razão, sempre são aplicados em adubação à parte, como complemento.
Mas, use sempre na dosagem indicada na embalagem. E, até por segurança, use um pouco a menos que o recomendado. Como diz o ditado: “menos é mais”.
Como adubar orquídeas? Adubação é um processo. E isso vai muito além do adubo.
O importante na adubação de orquídeas é a regularidade com que é feita. E isso de maneira a oferecer as quantidades mínimas de elementos necessários à sobrevivência da planta.
Se você optou por adubação semanal ou quinzenal e, se por algum motivo deixou de fazer na data certa, de maneira alguma use mais adubo pensando em “compensar”. Além da orquídea não conseguir absorver, portanto gerando desperdício, os saís poderão afetar as raízes. Portanto, apenas retome a adubação do mesmo jeito que fazia.
Os iniciantes no cultivo de orquídeas acabam concentrando a atenção no nome ou tipo dos adubos utilizados por cultivadores experientes. No entanto, não sabem ou não observam que, além do adubo, é necessário saber a forma correta de fazer a adubação das plantas.
E, nesse ponto, a qualidade da água a ser utilizada para diluir o adubo, o pH da água e a alcalinidade são os outros fatores que integram o processo de adubação. Além disso, até o vaso e o substrato também influenciam.
Com o tempo e a experiência aprendemos que regar as orquídeas com água da chuva é melhor que usar água de torneira. Mas, por que isso? Qual a diferença? E é aí que entra o pH. A diferença, na prática, quer dizer que é melhor usar uma água com pH de 6,4 do que uma água com pH de 7,2 para irrigar as orquídeas.
A qualidade da água e o pH são essenciais ao adubar orquídeas
É extremamente importante na adubação observar a qualidade da água e o pH (potencial hidrogeniônico) – parece um palavrão, né?
O pH é uma sigla utilizada para o termo Potencial Hidrogeniônico, o qual diz respeito a quão ácida ou alcalina está uma solução.
O pH é definido como potencial hidrogeniônico, que é uma escala logarítmica que indica com valores de 0 a 14 se a solução é ácida, neutra ou básica. A escala de pH varia entre 0 e 14 na temperatura de 25ºC. (Sim, a temperatura também influi na adubação das orquídeas)
Os diferentes níveis de pH afetam a disponibilidade de nutrientes para a orquídea. Na prática, isso quer dizer que não basta adubar sua planta, mas é preciso também avaliar se o pH do substrato em que está plantada permitirá que esses nutrientes possam ser absorvidos e utilizados pela planta..
Ajuste a solução de adubo para pH entre 5,5 e 6,5 para melhorar os resultados.
Sem entrarmos em detalhes técnicos ou nos alongarmos sobre o assunto, podemos afirmar que as soluções para adubação de melhor aproveitamento dos nutrientes para as orquídeas está na faixa de 5,5 <pH ≤ 6,5.
Como vimos, como adubar orquídeas ou adubação de orquídeas não se trata apenas de usar adubo ou “copiar” uma “tabela de adubação”.
A qualidade da água, o pH, a salinidade, a ventilação, a temperatura, a luminosidade e até o substrato e o vaso influenciam na absorção de nutrientes. E aí está a diferença entre obter florações comuns ou medianas e florações exuberantes, como nas orquídeas de exposição.
Cultivar orquídeas é dar a elas as melhores condições para que elas atinjam o seu potencial, ou seja, atinjam o seu tamanho máximo de crescimento, o máximo de vigor e tenham condições de ter a melhor floração.
Você pode perguntar, “mas é preciso fazer tudo isso para minha orquídea viver e dar flores?” E a resposta é: não (não necessariamente). Provavelmente sua orquídea continuará viva e irá florir, dependendo das condições do local onde estiver plantada.
Adubação de orquídeas é parte do processo de cultivo. E o processo é lento e o barato é louco, mas muito prazeroso.
Aqui cabe o depoimento de nossa experiência pessoal pois, também quando iniciante, cometi vários erros e usei uma parafernália de coisas e a maioria era tudo besteira.
No entanto, a partir do momento que comecei a entender e a aplicar os conhecimentos adquiridos, a diferença na saúde das minhas plantas e a qualidade das florações mudaram incrivelmente.
E cultivar orquídeas não é um bicho de sete cabeças. Basta, aos poucos e com paciência, pesquisar, aprender e entender do que cada espécie precisa. E observar a evolução do cultivo de orquídeas é muito prazeroso.
Como diz o Professor René Rocha, em seu livro “ABC do Orquidófilo“, “Orquídea não é bichinho de engorda (só às vezes). Orquídea tem estômatos, não estômagos (tem só no sentido figurado). Adubo. não é alimento. Nutrir não é apenas adubar, é proporcionar água, luz e ventilação equilibradas, pois é assim que ela, através da fotossíntese, pode fabricar o seu próprio alimento, ou seja, a partir desses elementos básicos e indispensáveis que fornecemos na adubação“.
Como diria a vovó Elza Siems: “Orquídea gosta de água, luz e bosta, mas tudo do tipo certo, na quantidade certa e ela estando no lugar certo! “
No entanto, certamente saber de tudo isso e aplicar os conhecimentos adquiridos, dentro do possível, fará muita diferença no cultivo de orquídeas. E também evitará ou diminuirá a possibilidade de você ter que ficar pesquisando sobre pragas e doenças, ou sobre o porquê da sua orquídea ficar com folhas amarelas ou sobre o fato dela não dar flores.
O assunto como adubar orquídeas, como vimos, é complexo e não se esgota por aqui. Por isso queremos escrever outros artigos sobre o tema como adubar orquídeas.
Porém, enquanto não escrevemos esse outro artigo, e se você ficou curioso, recomendo o artigo “Adubação de orquídeas – pH (potencial hidrogeniônico) e salinidade” do Luís Renato.
Lembre-se que as orquídeas são seres vivos de crescimento e absorção muito lentos. Por isso, os resultados de uma adubação só podem ser observados depois de cerca de um ano. Portanto, pratique a paciência e a observação!
Como cuidar de orquídeas para dar flores?
Orquidário Odara Orchids: Cultive orquídeas e semeie amigos.
Grande abraço!
Excelente
Olá, Henrique.
Que bom que gostou.
Muito obrigado
Grande abraço!