Quando iniciantes encontram orquidófilos mais experientes, algumas perguntas são comuns. Como, por exemplo, como cuidar da minha orquídea? E, ao serem perguntados sobre qual orquídea eles tem, além do tradicional “não sei”, a resposta mais usual é “Orquídea Cattleya”.
E isso é comum porque a imagem que as pessoas associam quando se pensa em orquídea, sem dúvidas, é a imagem da orquídea Cattleya.
As orquídeas do gênero Cattleya são as mais conhecidas e comercializadas em todo o mundo. Elas são apaixonantes pela sua beleza, formas, cores e perfumes. Elas despertam a curiosidade e vontade de saber como cultivá-las.
Além disso, devido a história dessas plantas, ao longo do tempo criou-se um imaginário de que orquídeas são raras e que, quanto mais raras, mais caras elas são (Mais abaixo falaremos sobre isso na história da orquídea Cattleya).
E, com isso, é despertada uma certa “cobiça” nas pessoas, que desejam ter uma orquídea rara ou valiosa. Ambicionam ter para si a sorte ou o desejo de ter algo diferente, algo único.
Orquídeas “raras”, “como ter a sua orquídea florida o ano inteiro“, tome cuidado com apelos comerciais.
No entanto, isso não passa desapercebido por alguns “espertinhos” e empresas de marketing. Assim sendo, essa “cobiça” acaba por ser alvo de apelos comerciais. Basta olhar na internet e ver que é muito comum encontrar venda on-line de plantas, apostilas e cursos de como cuidar de “orquídeas raras”. Apelos como “orquídea negra” e “orquídea azul” dando ideia de “raridade”. E até absurdos sobre “como ter a sua orquídea florida o ano inteiro”, o que, cá para nós, é lamentável.
Junto a minha indignação à do amigo Luiz Renato, de Curitiba PR, que postou “Como cultivar orquídeas e tê-las sempre floridas”
Até a clássica Cattleya walkeriana tipo “Feiticeira”, infelizmente, acabou virando um “Tipo de orquídea”, “rara”, “que nunca mais foi encontrada na natureza” e acabou virando “sinônimo” de “orquídea cara”.
E isso aconteceu porque alguns “redatores profissionais” que, sem conhecer nada sobre o assunto, acabaram por confundir orquídea tipo, que é um conceito botânico e de horticultura, como se fosse “um tipo de orquídea”.
O que é Orquídea Cattleya tipo.
Para entender: a Cattleya walkeriana tipo ‘Feiticeira” não é um “tipo de orquídea walkeriana” e sim uma orquídea walkeriana tipo.
Em botânica e horticultura, a flor tipo é aquela que serviu para registro da espécie. Outras cores e formas de cor diferentes da mesma espécie são chamadas de variedade, como Cattleya walkeriana var. alba “Rainha da Canastra” (outra Cattleya walkeriana clássica e muito famosa no meio dos colecionadores).
No caso da Cattleya walkeriana, a cor da flor tipo (no sentido de típica, de padrão para espécie), é a que foi encontrada e registrada por George Gardner, em 1839, que é de cor lilás. A “Feiticeira” tem a mesma cor, por isso é denominada walkeriana tipo.
É inegável que a Cattleya walkeriana “Feiticeira” é uma orquídea para colecionadores, uma planta clássica que tem história na orquidofilia e, por isso mesmo, tem valor muito mais alto que as plantas de interesse comercial.
Entretanto, explorar essa diferença de valores é puro sensacionalismo. Até porque, hoje em dia, há orquídeas de coleção e exposição 10 a 20 vezes mais caras. Mas, isso não vem ao caso.
De qualquer forma, fica o alerta sobre vários sites e postagens em grupos sociais que fazem sensacionalismo para conseguir atrair pessoas e vender “cursos” e “apostilas” e “soluções milagrosas” para orquídeas – e a maioria são copiados de locais de confiança, inclusive com fotos e imagens de outros sites sem autorização.
Qual a espécie de Orquídea Cattleya que você tem?
Bem, voltando ao assunto da pergunta sobre como cuidar da minha Orquídea Cattleya, qualquer orquidófilo mais experiente logo pergunta: “mas qual espécie de Cattleya você tem”?
E aí, de novo, “a porca torce o rabo”. “Como assim qual espécie de Cattleya? ”
Pois bem, então vamos explicar algumas coisas sobre o que são orquídeas, o que são gêneros, o que são espécies e o que são híbridos, ok?
Orquídea nome científico. Orquídea Cattleya é nome científico, por que esses nomes? Como se classificam as orquídeas?
A beleza das orquídeas fascina, mas os nomes delas assustam, não é mesmo?
Mas, se você é iniciante, não precisa ter medo do nome científico da orquídea não, e nem tão pouco se preocupar em decorar os nomes científicos de uma vez. Isso irá naturalmente acontecer aos poucos.
Primeiramente, porque, como toda vez que se inicia uma atividade, é natural o desconhecimento. E, como diz o ditado: “ninguém nasce sabendo”.
Portanto, vamos com calma, pois, para vencer o “medo do desconhecido”, basta entender e aprender que o desconhecimento irá desaparecendo. E, com isso, também o medo.
Em segundo lugar, entenda que nós, seres humanos, temos necessidade constante de classificar as coisas, objetos e tudo o mais.
Em casa, por exemplo, organizamos as compras, separamos alimentos de produtos de limpeza. Organizamos nossas roupas, separando peças íntimas de outros tipos de roupa. Ou seja, sistematizamos as coisas. E fazemos isso para manter a organização e facilitar que encontremos o que queremos.
Na Biologia e na ciência em geral, classificar também é importante, e esse processo já vem sendo feito desde os tempos de Aristóteles. Ele, já naquela época, classificava, por exemplo, os animais em organismos que possuíam sangue e aqueles que não possuíam.
Óbvio que esse tipo de classificação não era adequado, porém já mostrava que um processo de sistematização facilitaria, e muito, a vida de todos os cientistas.
A classificação biológica, Taxonomia:
A classificação biológica é um sistema utilizado para organizar os seres vivos por meio de critérios preestabelecidos. Sendo que a taxonomia (do grego antigo taxis, arranjo e nomia, método) é a área da biologia responsável por identificar, nomear e classificar os seres vivos.
“O físico e botânico sueco Carolus Linnaeus (1707-1778), considerado o pai da taxonomia moderna, desenvolveu o sistema de nomenclatura binomial, no qual os organismos são designados de acordo com gênero e espécie.
Nesse sistema, o nome deve ser escrito em latim, sendo que o primeiro nome, escrito com letra maiúscula, representa o gênero, e o segundo nome, escrito com letra minúscula, o epíteto específico (a espécie). Esse sistema de nomenclatura ainda é utilizado na atualidade.
Além disso, Linnaeus estabeleceu um sistema hierárquico de táxons: Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie” (Fonte https://www.biologianet.com/biodiversidade/classificacao-biologica-taxonomia.htm).
Nomenclatura das orquídeas. Por que usamos nomes científicos?
Por desconhecerem o nome de alguma planta algumas pessoas tentam descrever uma orquídea pela cor ou forma, tipo assim: “aquela roxa que é meio rosa no meio e tem uns riscos amarelos, de flor grande, mas não tanto”. Você saberia dizer qual é? Nem eu. Impossível, né?
O Oncidium varicosum, por exemplo, é uma espécie de orquídea que é chamada popularmente de “Chuva de ouro”, “Bailarina”, “Dama dançante”, “Pingo de Ouro Grande”, “Cascata de ouro” e mais um monte de nomes, conforme a região.
Sabemos que existe uma infinidade de seres vivos no planeta e cada um recebe um nome popular de acordo com a região onde é encontrado.
E, claro, isso pode causar muitas confusões e até mesmo pode pôr em risco a identificação correta de um ser ou organismo. Um exemplo é o cavalo-marinho, que é um peixe, enquanto o peixe-boi na verdade é um mamífero. Entendeu?
Nomenclatura botânica universal.
Então, para que esse tipo de problema não ocorra e qualquer orquídea possa ser identificada, não importando o país em que se esteja ou a língua que se fale, existe a nomenclatura botânica universal.
A nomenclatura binomial de Lineu cria um padrão na escrita de nomes científicos, evitando assim a confusão causada por nomes populares.
O nome cientifico serve para identificar o ser vivo de qualquer espécie, independente de qual seja o nome popular que ele tem em sua região ou língua.
E por que os nomes são escritos em latim clássico? Isso foi definido porque o latim é uma língua “morta”, ou seja, que não é mais utilizada, portanto não corre o risco de sofrer mudanças nas palavras e em sua escrita.
Cattleya walkeriana, por exemplo, seja aqui em São Paulo, no interior do Acre, no Japão, na Rússia ou na Austrália, e não importando a língua, será identificada por todas as pessoas. Da mesma forma Cattleya labiata e todas as demais orquídeas e plantas.
Regras para a nomenclatura científica
Não queremos aqui nos alongar na nomenclatura científica, então vamos abreviar e informar as regras principais necessárias ao cultivo de orquídeas:
- Todos os nomes científicos devem ser escritos com destaque e em latim. O destaque pode ser sublinhado, negrito ou itálico.
- A nomenclatura deve ser binominal, o que significa que toda planta deve ter o nome científico composto por ao menos duas palavras.
- A nomenclatura do gênero é um substantivo e deve ser escrito sempre com a letra inicial maiúscula. Já, por outro lado, o nome da espécie é um adjetivo e assim deve possuir a letra inicial minúscula.
Como por exemplo a Cattleya nobilior, onde Cattleya é o gênero e nobilior é a espécie. - As variedades e clones das orquídeas hibridas não são escritas em latim, e devem ser escritas sempre entre aspas. Como por exemplo Cattleya walkeriana var. vinicolor “Odara – LM”, Rlc “George King Serependipity”
Ah, sem nos alongarmos nos critérios, uma regra geral é que todos os nomes das pessoas, regiões e homenagens que originaram o nome da planta devem ser latinizados. Não entendeu? Calma. Quando formos falar da Orquídea Cattleya e o porquê do seu nome você entenderá.
Botânica, história e as orquídeas.
Os primeiros registros botânicos datam de 10 mil anos atrás, pois é daí que se tem informações da palavra escrita como meio de comunicação humana. Entretanto, sabe-se que os primeiros estudos se iniciaram com Theophrastus (371-286 a.C.), conhecido como o pai da botânica.
Ele foi aluno de Aristóteles e é considerado o precursor da pesquisa sobre plantas e, portanto, da botânica.
Theophrastus escreveu muitos livros, dentre os quais dois importantes conjuntos de obras sobre plantas, “De historia plantarum” (História das Plantas) e “De Causis Plantarum” (Sobre as Causas de Plantas).
O primeiro registro histórico da família botânica Orchidaceae (orquídea) data de 300 anos antes de Cristo.
E foi Theophrastus quem pela primeira vez usou o termo Orchis (do grego, que significa testículos), quando comparou as raízes tuberosas de algumas orquídeas mediterrâneas com os testículos humanos.
Por este motivo, desde a Idade Média, propriedades afrodisíacas são atribuídas às orquídeas.
A origem do termo orquídea.
Como este gênero foi o primeiro gênero a ser formalmente descrito, dele derivou o nome de toda a família Orchidaceae (Orquídeas).
Orquídeas são todas as plantas que compõem a família Orchidaceae, pertencente à ordem Asparagales, uma das maiores famílias de plantas existentes.
Orquídeas não são plantas parasitas, pois elas somente se “agarram” nas árvores, usando-as como apoio e suporte em busca de luz e nutrientes. Elas se nutrem apenas de material que cai das árvores, poeiras, restos de insetos e fezes de ave, ou seja, de material acumula-se e que se decompõe ao emaranhar-se em suas raízes.
Com a queda do Império Romano, no século V, inicia-se a época do longo período medieval na Europa, a época do obscurantismo religioso, onde as conquistas e conhecimentos adquiridos na antiguidade clássica foram perdidos ou ignorados.
E, com isso, o conhecimento, as ciências, inclusive a botânica, foram relegadas a segundo plano.
O Renascentismo, Ciência, Expansão Marítima e as Orquídeas das Américas.
A partir dos séculos XV e XVI, com a Época do Renascimento, a botânica desenvolveu-se como uma disciplina científica. Diversos fatores permitiram o desenvolvimento e progresso da botânica durante estes séculos: a invenção da imprensa, a aparição do papel para a elaboração de herbários e o desenvolvimento dos jardins botânicos, tudo isto conjugado com o desenvolvimento da arte e ciência da navegação marítima que permitiu a realização de expedições botânicas.
Durante os séculos XVII e XVIII também se originaram duas disciplinas científicas que, a partir desse momento, iriam ter uma influência importante no desenvolvimento de todas as áreas da botânica: a anatomia vegetal e a fisiologia vegetal.
Com a expansão marítima e a descoberta de novos mundos, outros gêneros de orquídeas (principalmente as epífitas), até então desconhecidos pelos europeus, passaram a ser conhecidos.
E a partir daí uma infinidade de plantas e animais começaram a ser levados das Américas para a Europa, ao longo dos séculos. E com isso a ciência avançou – e às custas de muita degradação no meio ambiente nas Américas.
A descoberta da Orquídea Cattleya.
Foi somente no século XIX que o interesse e a procura pelos gêneros da vasta família botânica das orquídeas se intensificou.
No Brasil, inicialmente, as orquídeas foram coletadas por pesquisadores ingleses juntamente com várias outras plantas para estudo.
Alguns tipos de plantas, entre elas orquídeas, eram tão abundantes que foram utilizadas como forração nos caixotes de madeira repletos de espécies despachados para a Europa.
O transporte em navios, além de muito demorado, tinha condições péssimas para as plantas, pelo que a maioria não resistia a viagem.
As orquídeas tropicais levadas para a Europa começaram a ser cultivadas em maior escala em estufas, por empresas de jardinagem e viveiristas.
Entretanto, o cultivo tinha como base as informações dos coletores e comerciantes sobre as condições dos habitats. E essas eram muito imprecisas e até fantasiosas (para impressionar e valorizar as orquídeas coletadas). Dessa forma, portanto, o cultivo era totalmente errado, o que provocou a morte de milhares de plantas. E isso aumentava a ideia de raridade.
O que significa Cattleya.
Foi em 1818, na Inglaterra, que William Cattley, um comerciante e horticultor inglês, cultivando diversas plantas tropicais em suas estufas, teve sucesso e presenciou a floração de uma belíssima e perfumada orquídea vinda do Brasil.
E, incrivelmente, aquela planta de floração magnífica era uma daquelas que haviam sido utilizadas como forração no acondicionamento de outras plantas ornamentais nos caixotes.
Cattley mostrou-a a John Lindley, botânico e taxonomista inglês, que ficou admirado com a bela orquídea.
John Lindley a chamou como Cattleya labiata autumnalis, sendo Cattleya em homenagem a William Catlley, labiata (do latim: lábio, labelo) por causa do seu esplêndido labelo, e autumnalis por florescer no outono.
Aqui cabe um parêntese para lembrar a regra de que todo nome de pessoa, região ou homenagem deve ser latinizado. Assim, o sobrenome Cattley virou Cattleya e, pelo fato da Cattleya labiata ser a primeira orquídea desse gênero a ser registrada, Catlleya passou a ser a denominação do gênero.
Voltando à história, no século XIX a Europa, em especial a Inglaterra, passava por um momento histórico de grande riqueza. E, a partir do acontecimento da descoberta da orquídea Cattleya labiata, o interesse pelas orquídeas cresceu e instalou-se a mania por orquídeas. E estas passaram a ser disputadas e comercializadas a preços muito altos.
A Europa descobria assim a Cattleya.
A Bélgica, França, Alemanha e Inglaterra tornaram-se importantes centros de comércio de orquídeas e este comércio atingiu seu auge por volta de l850, embora as condições de transportes das plantas continuassem muito ruins.
Após a descrição e classificação desta Cattleya por John Lindley, inúmeras outras espécies de orquídeas, do Brasil e do mundo, começaram a ser descobertas.
Todos queriam a qualquer custo possuir orquídeas, por sua beleza, formas e perfumes. Com a grande procura pelas plantas ornamentais, logicamente, grandes empresas de jardinagem e ricos capitalistas patrocinaram jardineiros, coletores e excursões com a missão de encontrar plantas similares nas diversas regiões do planeta. Instalou-se uma verdadeira “caça ao tesouro”.
E, para atender o comércio de orquídeas, aumentar os lucros, manter a raridade e não deixar os preços baixarem, valia tudo.
Com esse objetivo, durante o século XIX, as Américas, desde o México até a Argentina, foram invadidos por caçadores de orquídeas. Os quais, visando o lucro a qualquer custo, acabavam por destruir habitats inteiros.
A intenção era manter a raridade das orquídeas, pois quanto mais rara uma planta era, mais cara ela se tornava.
O objetivo, primeiramente, era coletar o máximo possível de orquídeas e plantas para enriquecimento das coleções das pessoas que haviam financiado as excursões.
Em segundo lugar, depois de coletarem o máximo possível e sem qualquer critério, destruíam o habitat para impedir que outros as coletassem também. Com isso, muitas espécies acabaram extintas.
As viagens eram muito demoradas e o transporte inadequado, com porões de navios abarrotados de milhares de plantas amontoadas, pelo que uma grande parte delas morria no caminho.
Para piorar a situação, como as pessoas não faziam a menor ideia do modo correto de cultivar essas plantas epífitas, infelizmente milhares foram perdidas.
O próprio John Lindley, que era muito respeitado, por volta de 1830 sugeriu que orquídeas precisavam de muita umidade e muito calor. E a partir daí a ideia se espalhou (E, infelizmente, essa noção errada de como cuidar de orquídeas permanece até hoje).
Falta de conhecimento sobre as condições de cultivo e o “orquidicídio”.
Estufas de vidro de todas as formas e tamanhos foram construídas. E todas com muita umidade e com aquecimento a carvão para “compensar” o frio do inverno europeu. Eram verdadeiras saunas.
E o “orquidicídio” foi generalizado em consequência do apodrecimento, dos ataques de fungos e bactérias provocados pelo calor e pelo excesso de umidade.
Em função destas dificuldades todas, as orquídeas eram vendidas a preços inacreditáveis.
Esta situação tomou uma tal dimensão que Joseph Dalton Hooker, Diretor de Kew Gardens e taxonomista em orquídeas, declarou que a Inglaterra havia se tornado um cemitério de orquídeas tropicais, tamanha era a quantidade de plantas que morriam por causa de um cultivo inadequado, dentro de estufas superaquecidas.
Embora nessa época tenha sido imenso o avanço da ciência botânica e do conhecimento acerca da flora, a coleta desenfreada das orquídeas em seus habitats levou muitas espécies à extinção.
E, assim, infelizmente, devido à sua beleza e características, a orquídea Cattleya foi uma das mais afetadas.
A extinção de espécies do gênero Cattleya e outras orquídeas.
Algumas espécies de orquídea Cattleya, como a schilleriana e a velutina, por exemplo, já são extintas na natureza. E hoje só são encontradas em coleções e orquidários particulares e públicos, produzidas a partir de cruzamentos e semeadas em laboratório.
Há alguns anos que é proibido coleta de orquídeas da natureza e, mesmo em áreas de desmatamento autorizados, a coleta somente é permitida em casos para pesquisa e estudo.
Mesmo assim, infelizmente, por falta de controle dos órgãos públicos e falta de consciência de coletores e compradores, ainda hoje há coleta e comercialização de orquídeas retiradas da natureza.
E aqui não estamos falando de plantas nativas clássicas ou variedades, as quais são matrizes e banco genético, mas sim de coleta predatória, onde habitats inteiros são degradados para comércio ilegal.
Ao contrário das plantas produzidas por cruzamentos e que se adaptam mais facilmente ao cultivo, essas plantas arrancadas da natureza dificilmente se adaptam e geralmente morrem.
Em resumo, não compre e nem retire orquídeas da natureza pois, além de ilegal e de difícil adaptação a cultivo, é preciso preservar as espécies no habitat.
Orquídea cattleya significado, Etimologia (Origem do nome Cattleya).
Cattleya, latinização do sobrenome Cattley, em honra a Willian Cattley, horticultor inglês no século XIX;
O gênero Cattleya foi proposto por John Lindley em Collectanea Botanica 7: t. 33, em 1821, com nome em homenagem a Willian Cattley orquidófilo inglês que teve seu nome latinizado para Guglielmus Cattleyus.
Os sistemas de classificação e sistematização foram e continuam evoluindo durante todo o tempo. E isso em função do desenvolvimento da ciência, novas descobertas e tecnologias.
Até pouco tempo atrás, para a classificação da orquídea Cattleya e das plantas em geral, eram consideradas apenas as características visíveis. Ou seja, eram consideradas e analisadas apenas as características morfológicas, análise da flor, época de floração, origem geográfica e as semelhanças entre as plantas.
A genética e a classificação das orquídeas.
Atualmente, em virtude dos avanços da genética, exames mais complexos são feitos, entre eles o do genoma das plantas. Então, como não poderia deixar de ser, estes estudos e análise auxiliam no trabalho de taxonomia.
Em função desse processo, muitas plantas estão sendo trocadas de gênero, buscando a adequação das classificações. E, como tudo isso é novidade, algumas mudanças são contestadas e não há consenso entre os cientistas. Como resultado, gera discussões acaloradas e alguma confusão.
Além do que, há a resistência dos orquidófilos, colecionadores e das pessoas em geral que se acostumaram com os nomes e categorias anteriores, o que acaba “engrossando o caldo”.
Mas, nada como o tempo e a boa vontade de todos para isso se resolver.
Mudanças atuais na classificação de espécies do gênero Cattleya.
Como exemplo dessas mudanças podemos citar as Sophronitis cernua, coccínea e wittigiana, que faziam parte de um gênero e que, após a análise do genoma e constatadas suas características, foram transferidas para o gênero Cattleya.
Assim sendo, elas passaram a ser chamadas de Cattleya cernua, Cattleya coccinea e Cattleya wittigiana.
Também, por exemplo, a Laelia purpurata, que pela descrição do gênero Laelia anterior com base nas orquídeas mexicanas, teve seu nome proposto como Brasilaelia purpurata. Em seguida, em função da análise genética, teve nova alteração e foi transferida para o gênero Cattleya. Dessa forma, passou a ser nomeada como Cattleya purpurata.
Apesar de ser uma decisão científica, a resistência dos orquidófilos é muito grande. Por isso, os nomes nas etiquetas ainda valerão por um bom tempo. Até porque ambos os nomes identificam muito bem essas plantas.
Em sua delimitação atual, Cattleya inclui também as espécies brasileiras outrora inseridas nos gêneros Laelia e Sophronitis, bem como as espécies de gêneros mais recentemente segregados. Tais como Hadrolaelia (Schltr.) Chiron & V.P. Castro, Dungsia Chiron & V.P. Castro, Hoffmannseggella H.G. Jones, Chironiella Braem, Microlaelia Chiron & V.P. Castro e Schluckebieria Braem (van den Berg 2008, van den Berg et al. 2009).
Distribuição geográfica das orquídeas do gênero Cattleya e suas espécies.
As orquídeas do gênero Cattleya estão presentes desde o México até o sul da América do Sul, abrangendo aproximadamente 120 espécies, distribuídas principalmente nas regiões tropicais e subtropicais das Américas.
Com tão vasta área de distribuição e diversidade de habitats, algumas espécies vivem em áreas mais secas, submetidas a mais insolação, outras mais sombrias e úmidas, sendo que, no Brasil, há cerca de trinta espécies de orquídea Cattleya.
As orquídeas Cattleya existem desde o nível do mar até dois mil metros de altitude, adaptam-se a praticamente todos os climas latino americanos, exceto áreas desérticas ou geladas.
Tornou-se uma espécie de orquídea muito comercializada e popular em todo o mundo, principalmente por sua facilidade de cultivo e a beleza das suas flores.
O gênero Cattleya e suas espécies
Bem, voltando ao início do artigo, quando, de novo, “a porca torceu o rabo”. “Como assim qual espécie de Cattleya? ”, lembra-se?
Pois então, como explicado acima, não existe uma orquídea Cattleya e sim um gênero de orquidáceas chamado Cattleya. E esse gênero tem aproximadamente 120 espécies diferentes, cada uma adaptada ao meio na natureza e cada uma com necessidades de cultivo diferentes.
E isso sem contar com o grande número de variedades existentes dentro de uma mesma espécie, afora o grande número de híbridos naturais entre suas próprias espécies e outros gêneros.
Então, como vou saber como cuidar da minha orquídea?
Calma, não há pelo que se preocupar pois, sabendo a espécie ou o híbrido da sua orquídea do gênero Cattleya, ficará fácil cultivá-la.
O que é importante saber para cultivar orquídeas é que elas são muitas e totalmente diferentes entre si. Ademais, cada uma das espécies tem sua forma de viver e suas necessidades próprias.
Características do gênero Cattleya
Como cuidar de orquídeas para dar flores? Para ter sucesso no cultivo não é preciso “ter o dedo verde”. Na verdade, é preciso saber do que as orquídeas gostam e precisam para florir. Simples (nem tanto) assim!
De crescimento simpodial, em sua maioria essas espécies são principalmente epífitas e, mais raramente, rupícolas e terrícolas (Pabst & Dungs 1975, Chase et al.2003, van den Berg 2008). (Para entender os hábitos de crescimento das orquídeas, leia Quais os hábitos de crescimento das orquídeas?
Como toda orquídea, a flor das Cattleya é formada por 3 sépalas e três pétalas, sendo uma modificada e que recebe o nome do labelo. As pétalas e sépalas possuem, em geral, a mesma cor e o labelo é a parte mais atraente e a mais colorida da flor.
Orquídea Cattleya como cuidar. Descrição das espécies de Cattleya por grupos para efeitos de cultivo.
Dentro do gênero Cattleya são encontradas espécies com características bastante diferentes, seja no aspecto vegetativo ou mesmo quanto as suas florações.
Entretanto, para efeitos de cultivo, a grosso modo, é possível agrupa-las conforme algumas características do sistema vegetativo.
Cabe ressaltar que, como é para efeitos de cultivo, vamos considerar apenas as orquídeas Cattleya constantes da nomeação clássica. Portanto, não consideraremos as novas alterações e inclusões propostas desde 2008.
Assim sendo, começaremos classificando as orquídeas do gênero Cattleya quanto ao número de folhas e características das flores. Isso é bem simples e não tem muita importância para a prática no cultivo, mas ajuda a identificar espécies.
Essa classificação é artificial, porém muito utilizada para efeitos de julgamento em exposições de orquídeas.
O objetivo é agrupar espécies ou híbridos pelas semelhanças que as flores possam ter entre si, formando categorias de julgamento, pois ajuda a tornar a avaliação o mais justa possível.
Orquídeas Cattleya Unifoliadas
Orquídeas Unifoliadas ou Monofolliadas ou labiatas: apresentam apenas uma única folha no ápice de cada pseudobulbo, excepcionalmente podem apresentar duas folhas.
Como por exemplo Cattleya lueddemanniana, labiata, mossiae, percivaliana, trianae, warscewiczii, maxima, dentre outras. Também aqui se considera o grupo clássico de híbridos de Cattleyas, com suas flores enormes, os famosos “repolhões”, como a Cattleya Sonia Altemburg, Blc. Mirian Suzuki, Bc. Pastoral Innocence, Blc. Turandot ‘Guaxupé’, entre outras;
Morfologia das Cattleyas unifoliadas.
“As Cattleyas do grupo das unifoliadas possuem aspecto vegetativo bem semelhante, e é de suma importância o estudo e conhecimento do aspecto vegetativo, ou seja, das partes da planta”, por isso recomendamos a leitura do artigo muito elucidativo “Análise morfológica das Cattleyas unifoliadas”, do orquidófilo de Uberaba e nosso amigo Fernando Terra Manzam.
As espécies de Cattleya monofoliadas, geralmente, carregam menos flores do que as bifoliadas. No entanto, as espécies de orquídeas desse grupo, em geral, possuem flores grandes, de consistência mais aveludada, e possuem um labelo que se destaca por sua beleza, colorido e tamanho.
Orquídea Cattleya unifoliada. A imagem que associamos a orquídeas.
Esse é o grupo de plantas que possuem a forma mais clássica das Cattleyas, ou seja, aquela forma que remete à imagem do que seja uma orquídea, tal e qual a Cattleya labiata, que deu origem ao gênero.
Geralmente as orquídeas Cattleya unifoliadas apresentam não mais do que 4 flores, que tem durabilidade de duas a três semanas. E elas, frequentemente, são perfumadas.
Entretanto, há espécies monofoliadas de flores bem menores, como por exemplo a Cattleya araguaensis e Cattleya luteola, cujas flores são bem menores. Inclusive, a Cattleya luteola está entre as menores espécies do gênero, tanto quanto ao tamanho da planta quanto o de suas flores.
Outra característica das espécies unifoliadas é o seu pseudobulbo dilatado. Através dele elas armazenam água e nutrientes para o período de “repouso” (dormência), ou para os períodos de escassez de água e umidade no habitat.
Essa característica as torna mais resistentes, pelo que necessitam de menos água e umidade que as demais orquídeas que não conseguem guardar água, como as Vandaceas (Vandas), por exemplo.
Orquídeas Cattleya bifoliadas.
As Cattleyas bifoliadas apresentam duas folhas no ápice de cada pseudobulbo, excepcionalmente podem apresentar uma ou três folhas.
Entre elas, por exemplo, temos a Cattleya amethystoglossa, Cattleya aclandiae, Cattleya bicolor, Cattleya loddigesii, Cattleya forbesii, Cattleya granulosa, Cattleya guttata, Cattleya intermedia, Cattleya tigrina (ex-leopoldi), Cattleya schilleriana, Cattleya skinneri, Cattleya velutina, entre outras. Também há os híbridos complexos, como a Potinara Burana Beauty ‘Burana’, por exemplo.
As espécies bifoliadas têm suas folhas menores, mais largas e ovaladas. E todas possuem folhas coriáceas (Folhas espessas, consistentes, rígidas, mas flexíveis, como couro).
A floração, em geral, dá-se do alto do pseudobulbo a partir de uma espata. E, conforme a espécie, as florações podem ocorrer de espata verde ou seca.
Seus pseudobulbos (haste caulinar) são mais finos, portanto com muito menos capacidade de armazenamento de água e nutrientes do que as monofoliadas. Assim sendo, são bem menos resistentes à falta de umidade do que as Cattleya unifoliadas.
Geralmente habitam áreas com boa umidade ambiente, próximos de várzeas, lagos, riachos, lagoas e mar.
Elas exigem raízes mais aeradas e, no geral, menos luminosidade que as monofoliadas.
Orquídea Cattleya bifoliada, show de florações.
As bifoliadas têm flores bem menores e mais estreitas que as unifoliadas, mas possuem muito mais substância. No entanto, a quantidade de flores por haste floral é bem maior. Em muitas espécies a inflorescência pode carregar até 14 flores, como a Cattleya skinneri ou 20, como a Cattleya bowringiana ou 30, como a Cattelya amethystoglossa.
Ao contrário da unifoliadas, que tendem a ter porte parecidos, o comprimento das Cattleyas bifoliadas pode ser de alguns centímetros ou alcançar 60cm, 1m e até mesmo 1.50m de altura.
Cattleya amethystoglossa, Cattleya bicolor, Cattleya granulosa, Cattleya guttata, Cattleya leopoldii, Cattleya schofieldiana e Cattleya porphyroglossa, por exemplo, estão entre as maiores plantas do gênero.
Por outro lado, a Cattleya aclandiae é a menor planta do grupo de espécies de orquídea Cattleya bifoliada e apresenta, algumas vezes, até três folhas por haste caulinar (pseudobulbo).
Para efeitos de identificação de espécies e para cultivo, podemos agrupá-las por porte de planta, pois cada porte possui um comportamento de crescimento próprio, o que influencia diretamente na maneira de como essas plantas devem ser cultivadas.
Cattleyas Bifoliadas de Grande Porte;
Conhecidas entre os orquidófilos como “Caneludas”, as Cattleyas bifoliadas de grande porte se caracterizam pelas plantas que quando adultas ultrapassam os 50cm de altura de pseudobulbos.
Muitos exemplares em cultivo ou na natureza podem passar de 1m ou de 1,5m, havendo registros de espécimes excepcionais de até 1,80m.
Neste grupo se destacam bifoliadas extremamente importantes como a Cattleya tigrina (ex-leopoldii), a Cattleya guttata, Cattleya elongata, a Cattleya amethystoglossa, a Cattleya porphyroglosa, a Cattleya granulosa, a Cattleya bicolor e outras.
Além de seu porte muito avantajado, com pseudobulbos grandes e folhas grandes, apresentam hastes florais que podem passar de 30 flores por cacho.
Devido ao porte, é recomendado que os vasos tenham lastro, sejam um pouco mais pesados, para elas não tombarem facilmente.
Cattleyas Bifoliadas de porte médio.
As orquídeas desse grupo se caracterizam por plantas entre 20 a 40cm de altura, em média. E as suas folhas também tendem a ser bem menores que as de grande porte.
Quanto as florações, apesar de muito floríferas, o número de flores por haste costuma ser menor do que as de grande porte.
As plantas desse grupo, em sua maioria, enraízam com facilidade, apresentam bom crescimento vegetativo e costumam brotar mais de uma vez ao ano, desde que atendidas suas necessidades essenciais.
Elas são relativamente mais fáceis de cultivar do que as de porte grande, que geralmente tem um crescimento mais lento e enraizamento mais difícil.
Como exemplo de Cattleya de porte médio temos: Cattleya harrisoniana (alguns exemplares podem atingir 70cm), Cattleya intermedia, Cattleya forbesii, Cattleya loddigesii, Cattleya velutina, Cattleya violácea e outras.
Orquídeas Cattleya Bifoliadas de porte baixo.
Este grupo abrange as plantas de menor porte, que quando adultas medem até 20cm em média. Nele se destacam espécies belíssimas, porém de cultivo que exige mais atenção e cuidados, principalmente quanto as exigências de alta umidade relativa do ar, ventilação e aeração nas raízes.
Apesar do porte pequeno das plantas, suas flores são grandes em relação ao tamanho das plantas e as florações são em menor número que as dos grupos anteriores.
Dentre as orquídeas Cattleya desse grupo temos, como por exemplo, a Cattleya aclandiae, Cattleya schilleriana e a Cattleya nobilior.
Cada uma delas tem suas necessidades específicas quanto a luminosidade, temperatura, umidade e ventilação.
Orquídea Cattleya e o cuidado com as raízes. Aeração e ventilação.
No entanto, todas elas exigem atenção quanto as condições de enraizamento, pois não toleram raízes sem boa aeração ou molhadas por muito tempo.
A Cattleya aclandiae, por exemplo, é uma espécie epífita, de crescimento simpodial, que em cultivo não se adapta a vasos. E isso porque suas raízes indomáveis se espalham livres buscando a umidade do ar.
Não toleram ficar com as raízes molhadas por muito tempo, por isso necessitam de boa aeração.
Por experiência, na nossa região e nas nossas condições de cultivo, cultivamos com sucesso em tocos de madeira e cascas de árvores.
Padrão de enraizamento da Orquídea Cattleya
Como vimos anteriormente, o gênero Cattleya apresenta várias espécies, as quais apresentam algumas características quanto a padrões de enraizamento. E esses padrões, para efeitos de divisão e replante, são muito importantes e devem ser observados.
Como replantar orquídea Cattleya é uma dúvida recorrente. No entanto, creio que o mais importante seria perguntar quando ao invés de como replantar orquídea Cattleya.
E isso porque, como qualquer orquídea, as Cattleyas passam por período de crescimento, de dormência, de floração, de brotação e de enraizamento.
E, geralmente, a época de enraizamento é a melhor época para a divisão e replantio para elas.
Basicamente, quanto a padrão de enraizamento, podemos separar e classificar as Cattleyas em 3 grupos: enraizamento antes da floração, depois da floração e “sem padrão”.
Orquídeas Cattleya com enraizamento antes da floração
O enraizamento antes da floração ocorre quando os pseudobulbos estão em formação e antes de emitirem suas florações. Esse tipo de padrão permite um período de replante um pouco mais longo, com mais tempo para o enraizamento e menos estresse para a planta.
Como exemplo de espécies com esse padrão de enraizamento temos a Cattleya labiata, Cattleya loddigesii, Cattleya skinerii.
Espécies de Cattleya com enraizamento após a floração.
Já no enraizamento após a floração, as raízes são emitidas logo após a floração ou assim que o pseudobulbo atinge a seu desenvolvimento pleno, que também pode ocorrer durante a floração.
Nesse grupo de padrão o período para replante, a chamada “Janela de Replante”, é mais curta. Muitas das espécies desse grupo tendem a ser mais sensíveis e tem uma resposta não muito boa quando são replantadas em épocas inadequadas. A planta “trava” ou não se desenvolve bem.
Nesse padrão, temos como exemplos as espécies de orquídea Cattleya harrisoniana, Cattleya warnerii, Cattleya forbesii e Cattleya lueddemanniana.
Algumas Orquídeas são parecidas, mas são diferentes.
Um exemplo comparativo, bastante instrutivo, desses dois tipos de enraizamento, ocorre entre a orquídea Cattleya warnerii e a orquídea Cattleya labiata.
Ambas têm flores muito parecidas, que acabam confundindo olhares menos experientes e, além disso, o porte vegetativo delas é o mesmo.
No entanto, existem particularidades que as diferenciam.
Orquídea Cattleya labiata e orquídea Cattleya warnerii, quais as diferenças?
Em primeiro lugar, o padrão de enraizamento, pois a Cattleya labiata tem o enraizamento do pseudobulbo antes da floração e a Cattleya warnerii enraiza o pseudobulbo após a floração.
Em segundo lugar, a Cattleya warnerii quando florida apresenta brácteas (bainhas) na cor preta e a labiata não.
Além disso, as folhas da Cattleya warnerii são côncavas e mais alongadas, se assemelhando a “colheres”.
Em terceiro lugar, o perfume de cada uma é característico, sendo ambos muito agradáveis.
E, por último, os pseudobulbos da Cattleya warnerii afinam bruscamente em sua base, o que é uma característica para sua identificação entre as Cattleyas monofoliadas.
Espécies de Orquídea Cattleya com enraizamento sem padrão definido.
O enraizamento “sem padrão definido”, como o próprio nome diz, é caracterizado pela falta de padrão de enraizamento nos bulbos, e que pode acontecer em qualquer época. No entanto, a chamada “Janela de Replante” é relativamente ampla em muitas espécies, o que facilita o trabalho.
Neste tipo de enraizamento temos, por exemplo, a Cattleya walkeriana, a Cattleya schileriana e muitos híbridos.
No entanto, quanto a divisões ou cortes de orquídea Cattleya, independentemente do tipo de enraizamento, a regra básica é que cada divisão tenha no mínimo 3 (três) pseudobulbos.
Hibridação das Orquídeas Cattleya.
Segundo os dicionários, hibrido, em genética, diz-se do ser “Que foi alvo do cruzamento entre espécies, raças, variedades ou gêneros distintos, sendo seu descendente (no caso de um animal) geralmente infértil”.
Além da beleza das flores das suas espécies, outro fator que torna a orquídea Cattleya muito atraente é que ela tem uma grande capacidade para hibridação.
“Por exemplo, só na natureza suas espécies se intercruzaram mais de 38 vezes (híbridos interespecíficos, ou seja, entre espécies do mesmo gênero) e com espécies de outros gêneros 31 vezes (híbridos intergenéricos). Com Laelia, cruzou 21 vezes. Com a Brassavola, 7 e com Schomburgkia, 3 vezes.
Em outras palavras existem mais híbridos naturais das orquídeas Cattleya do que espécies.
Além disso, estes cruzamentos dão origem a outros gêneros artificiais, ou seja, através de cruzamentos feitos pelo homem. Eles são de grande beleza e, por sua vez, são cruzados novamente com outros gêneros e assim sucessivamente. (Fonte www.delfinadearaujo.com/generos/cattleya/cat01.htm 2/10)”
A “aliança Cattleya”. Gêneros de orquídeas que podem ser cruzados entre si.
Geneticamente falando, as orquídeas dos gêneros Laelia, Brassavola e Sophronitis, a chamada “aliança Cattleya”, são muito próximas entre si.
Tanto é que as várias espécies destes diferentes gêneros podem ser cruzadas entre si e ainda acabam por gerar descendentes férteis.
Portanto, isso possibilita uma imensa gama de híbridos intergenéricos descendentes de orquídeas Cattleya com esses outros gêneros próximos. E essa é mais uma razão para a orquídea Cattleya ser muito apreciada. Por isso cultivadores e produtores conseguem sempre lançar novidades no mercado.
Há híbridos de cruzamentos de espécies de Cattleya, o chamado cruzamento intragenérico, como por exemplo o híbrido natural (que acontece na natureza) entre Cattleya walkeriana x Cattleya loddigesii, que gera a chamada Cattleya xdolosa.
Quando as orquídeas são fruto de hibridação elas recebem nomes específicos, os quais indicam as espécies que entraram no cruzamento. E, por isso, esses nomes são geralmente longos. Então, para facilitar a grafia e o entendimento, são adotadas siglas. No caso de híbridos com mais de 4 espécies no cruzamento
Abaixo segue uma pequena lista com os cruzamentos mais clássicos:
Bc (Brassocattleya): Brassavola x Cattleya
Blc (Brassolaeliocattleya): Brassavola x Laelia x Cattleya
Cattleychea: Cattleya x Prosthechea
Hawkinsara: Broughtonia x Cattleya x Laelia x Sophronitis
Lc (Laeliocattleya): Laelia x Cattleya
Pot (Potinara): Brassavola x Cattleya x Laelia x Sophronitis
Rlc (Rhyncholaeliocattleya): Rhyncholaelia x Cattleya
Slc (Sophrolaeliocattleya): Sophronitis x Laelia x Cattleya
Cultivo de orquídea Cattleya
Pelo fato do artigo já estar bastante longo, bem como o assunto cultivo também ser extenso, achamos melhor tratarmos do assunto futuramente.
Em cultivo de orquídeas a maioria das coisas é relativa, mas algumas coisas sobre o cultivo de orquídea Cattleya podemos resumir.
Como já dissemos no nosso artigo sobre Cultivo de orquídeas para iniciantes, conheça para entender. E plantar orquídea ficará mais fácil.
De modo geral, os híbridos de Cattleya são plantas apropriadas para quem quer iniciar uma coleção ou cultivar orquídeas. E isso porque são plantas “menos exigentes” e se adaptam mais fácil.
No entanto, para plantar e cuidar com sucesso, é muito importante saber sobre quais os hábitos de crescimento das orquídeas que você tem ou pretende comprar.
Como cuidar de uma cattleya?
Em primeiro lugar, para saber como cuidar das suas orquídeas é preciso que você conheça quais são as espécies ou híbridos que você tem ou pretende comprar.
Portanto, para começar a cultivar bem e ser recompensado com belas flores, o mais importante é você saber qual a sua orquídea. Assim você saberá como cuidar de orquídeas facilmente.
Saber qual é a sua orquídea Cattleya é muito importante para saber como cuidar.
Isso permitirá a você conhecer quais as características delas e suas necessidades específicas. Assim você aumentará bastante as chances de evitar perder as plantas.
Em segundo lugar, se você ainda não tem experiência, procure cultivar orquídeas que se adaptem mais facilmente ao clima da sua região e local de cultivo.
Como cuidar de orquídea Cattleya. Regras gerais.
Para conseguir que as orquídeas cresçam bem, sejam plantas sadias e proporcionem belas florações, você precisa ter cuidado com os fatores essenciais. E isso só se consegue com muita observação e paciência.
As orquídeas Cattleya, em sua maioria, apreciam boa luminosidade. É importante que a luz solar não incida diretamente sobre as folhas, por isso use sombreamento de 50%.
Também, no geral, elas gostam de umidade relativa do ar acima de 60% e boa ventilação.
E, como regra, todas elas gostam de regas abundantes. No entanto, regue somente quando o substrato estiver completamente seco. Veja o nosso artigo sobre água e umidade.
Utilize vaso e substrato com boa drenagem, de maneira que estes não fiquem úmidos mais do que algumas horas após a rega. De preferência, regue pela manhã.
Quanto a temperatura, de modo geral, elas apreciam boa variação térmica, sendo de dia entre 25-30°C e à noite entre 14-15°C. Claro que sempre considerando a origem ou habitat de cada espécie.
Espécies de clima temperado ou de altitude toleram muito mais variações de temperatura que espécies amazônicas ou as litorâneas.
É recomendado a adubação semanal com fertilizantes apropriados para orquídeas. Observe sempre as diluições informadas pelos fabricantes. E, o mais importante, sempre com regularidade.
Espero que o artigo tenha ajudado a conhecer e entender um pouco mais sobre orquídea Cattleya. Aproveite e veja nossas outras postagens. Comente. Qualquer coisa, entre em contato, FALE CONOSCO.
Orquidário Odara Orchids: Cultivando Orquídeas e Semeando Amizades.
Grande abraço!
Matéria longa mas muito boa. Aprendi muito.
Olá, Ivete.
Que bom que gostou e aproveitou. Muito obrigado pelo comentário.
Grande abraço
Muito bom conteúdo, principalmente pra min que sou iniciante nas orquídeas, optei em ter amestyssoglossa, gutatta e alclandiae, tenho no total umas quinze plantas, cultivo simples, mais pretendo fazer um ambiente próprio para elas obtendo informações como estas, obrigado pelos artigos postados.
Olá, Ailton.
Muito obrigado pelo comentário e elogio.
Excelente artigo.
Gostei muito.
Parabéns.
Que bom que gostou. Grande abraço!
Excelente artigo.
Gostei muito.
Parabéns.
Olá, Denis. Muito obrigado